Presidente da Petrobras no
Senado é tentativa de esvaziar CPI, diz oposição
Graça Foster dará explicações sobre compra de
Pasadena na terça (15).
Há suspeita de superfaturamento na aquisição de refinaria no Texas (EUA).
Há suspeita de superfaturamento na aquisição de refinaria no Texas (EUA).
Oposição
classifica como “manobra” a ida da presidente da Petrobras, Graça Foster, ao
Senado para dar explicações sobre a compra da refinaria de Pasadena, no Texas
(EUA). Oposicionistas encaram a audiência, marcada para esta terça-feira (15),
como uma tentativa do governo de “esvaziar” a CPI. Eles garantem, no entanto,
que a presidente da estatal “não terá missão fácil”.
Na semana
passada, o PT havia cancelado a audiência com a presidente da Petrobras e com o
ministro Edison Lobão (Minas e Energia) sob o argumento de que, com a iminência
de instalação de CPI, ambos certamente seriam convocados para prestar
esclarecimentos. Foster e Lobão haviam sido convidados para falar sobre a
aquisição da refinaria, suspeita de superfaturamento.
Na
quinta-feira (10), porém, o presidente da Comissão de Assuntos Econômicos
(CAE), Lindbergh Farias (PT-RJ), remarcou a audiência entre os senadores e
Foster porque, segundo o petista, ela teria insistido em prestar
esclarecimentos aos senadores.
O
“vai-não-vai” de Graça Foster, para o líder do DEM no Senado, José Agripino
(RN), demonstra a tentativa do governo de esvaziar a CPI mostrando que está
disposto a dar explicações. “Claro que é uma manobra. Basta ver que primeiro
eles procrastinaram e agora prepararam um script para ela cumprir”, criticou o
democrata.
Lindbergh
disse que a ida de Foster poderá “baixar a temperatura” em torno do caso da
Petrobras. “Ela pode dar alguma opinião sobre o momento dela na Petrobras.
Agora, quem imaginar que ela vá ocupar um espaço que uma CPI poderia ocupar
está enganado”, rebateu Agripino.
Creio que
o objetivo é obviamente tentar esvaziar a CPI, mas não creio que tenha qualquer
repercussão"
Álvaro
Dias (PSDB-PR), que lidera o grupo que pleiteia a instalação de CPI para
investigar exclusivamente a Petrobras.
O senador
Álvaro Dias (PSDB-PR), que lidera o grupo que pleiteia a instalação de CPI para
investigar exclusivamente a Petrobras, criticou o modelo das audiências
públicas no Senado. Ele questiona que não é possível debater com o depoente,
que responde a perguntas feitas em bloco. “Ela vai responder o que desejar”,
disse.
“Creio
que o objetivo é obviamente tentar esvaziar a CPI, mas não creio que tenha
qualquer repercussão”, afirmou Dias. Para o senador, se Foster não reconhecer
que a compra de Pasadena foi um “mau negócio”, ela “perderá seu tempo”. “Não é
uma missão fácil e certamente não será bem sucedida”, declarou.
O líder
do PSDB no Senado, Aloysio Nunes (SP), disse que, além da compra de Pasadena,
Foster será indagada sobre assuntos diversos, como a construção da refinaria
Abreu e Lima, em Pernambuco e os “estranhos” negócios da Petrobras na
Argentina, alvo de inquérito da Polícia Federal. A presidente também deverá
falar sobre dados relativos à gestão que levaram a perda do valor patrimonial
da empresa e a queda no faturamento.
Abrangência
da CPI
Na terça-feira o plenário do Senado votará o relatório que definirá a
abrangência das investigações na CPI. A oposição quer uma CPI exclusivamente
para investigar a Petrobras. Já os parlamentares aliados ao governo tentam
instalar uma comissão para apurar também as suspeitas de cartel no Metrô de São
Paulo e irregularidades no Porto de Suape, em Pernambuco - estados
administrados pelo PSDB e PSB.
Na semana
passada, a Comissão de Constituição e Justiça decidiram que a CPI será ampla,
mas a palavra final será dada pelo plenário. A oposição argumenta que, ao
acrescentar outros temas, o governo pretende “embaralhar” a comissão de
inquérito a fim de evitar uma investigação aprofundada sobre a Petrobras.
Há ainda
expectativa entre os senadores de que, na próxima semana, a ministra do Supremo Tribunal Federal Rosa Weber dê decisão liminar
(provisória) sobre qual comissão – a da oposição ou a do governo – deverá ser instalada
no Senado.
Comissão
mista
Está marcada para a noite de terça-feira sessão conjunta do Congresso Nacional
na qual poderão ser lidos dois requerimentos de criação de uma CPI mista, com
participação de deputados e senadores. A exemplo do que ocorreu no Senado, o
governo reagiu ao pedido de CPMI da oposição e propôs uma comissão ampliada
também no âmbito do Congresso.
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