quarta-feira, 1 de agosto de 2018

Cai drasticamente o número de eleitores jovens

Número de jovens eleitores despenca 40% nas eleições 2018

Pouco mais de 1,4 milhão de jovens com 16 e 17 anos têm a chance de votar pela primeira vez neste ano. Em 2016, o número ultrapassou os 2,3 milhões

O estudante Matheus Liberali, que terá 16 anos nas eleições de outubro, preferiu não tirar o título para o pleito deste ano. “Eu acho que é muito importante votar, mas não tem nenhum candidato em que eu acredite ou que vá valer a pena”, lamenta ele, que diz não estar ansioso para ajudar a escolher o futuro presidente do país.
A situação de Liberali é a mesma de boa parte dos jovens com idade para irem às urnas pela primeira vez em outubro. De acordo com o balanço do eleitorado, 1.400.616 de eleitores de 16 e 17 anos estarão aptos a escolher seus representantes neste ano, número que é 39,3% menos do que os com a mesma idade cadastrados no TSE (Tribunal Superior Eleitoral) em 2016.
O especialista em direito eleitoral Daniel Falcão atribui a queda no número de eleitores jovens ao “descrédito da política” nacional, que vive em meio a inúmeros escândalos. “Essa queda é um sinal de que os jovens estão acreditando menos na possibilidade de caminhos políticos para mudar a situação do país”, afirma.

A também estudante Katarina Oliveira, de 16 anos, conta que queria ir às urnas pela primeira vez neste ano, mas perdeu o prazo para comparecer a um cartório eleitoral e tirar o título. "Queria votar porque agora que eu acho que tenho capacidade suficiente para estudar, conhecer melhor os candidatos e escolher algum que possa realmente sair um pouco da linha e mudar alguma coisa", diz.
A diferença entre a quantidade de eleitores com 16 anos será ainda maior do que a do total de jovens que decidiram não participar do pleito deste ano. Em 2016, eram 833.333 jovens com a idade aptos a participar do pleito. Neste ano, o número caiu pela metade e apenas 403.682 tiraram o título.
Entre os de 17 anos, a redução foi menor, de 32,5%. Enquanto 1.477.787 tiraram o título para votar nos cargos de prefeito e vereador naquele ano, agora o número caiu para 996.934 aptos a escolher deputados estadual e federal, senadores, governador e presidente.
Falcão destaca que o número de jovens alistados para votar “nunca foi grande” e analisa que, em 2016, o número maior de inscritos pode estar ligado ao processo de impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff. “Isso pode ter feito com que mais jovens tiveram o desejo de participar da política em 2016. Em 2018, tem muito menos clima e isso pode ter influenciado”, afirma o especialista.
Na última eleição majoritária, em 2014, o Brasil contava com 1.638.751 eleitores com idade entre 16 e 17 anos, valor 14% menor do que o atual.
Cabe ainda lembrar que o voto é facultativo para os jovens com idade entre 16 e 17 anos e para idosos com 70 anos ou mais. “Os eleitores de 16 e 17 anos não precisam se alistar. Mesmo alistado, eles não precisam ir votar”, explica Falcão.

R7

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